motivação.

motivação.

sábado, 14 de fevereiro de 2009





Liberdade, algo tão cobiçado por alguns, roubado por outros, sempre digo que sou uma pessoa do mundo, livre pra voar, mas quando voamos para lugares que não sabemos nos encaixar, o que mais queremos é voltar pro ninho e se acolher nas asas da família. Não me sentia muito encaixada na cidade, so queria voltar pra praia, lá sim eu me sentia parte original do ambiente, me libertava de um jeito que não sabia explicar, me sentia livre como nunca me senti antes, evitava até pensar no dia em que teria que voltar pro meu cantinho, e deixar aquele paraíso para trás já não me fazia bem imaginar.






XI



Eu já estava pronta, Rebecca e Bia não se decidiam, uma estava indecisa se usava a sombra da cor da da blusa ou do sapato, outra estava na duvida se usava um brinco mais discreto ou outro mais chamativo. Na hora certa, por milagre, estávamos todas prontas, agora quem atrasava era o Márcio, tinha marcado para as 22:00 e já passavam das 22:35, resolvemos então pegar um táxi e dar um rolé pela cidade, perguntamos ao taxista qual a boate mais badalada, por simpatia o homem, que era bem jovem, nos levou a um lugar muito agitado, uma fila enorme, mas algo me dizia que alí ia ser legal; agradecemos ao homem e fomos para a balada.


No decorrer da festa, bebidas e mais bebidas, música alta, homens lindos e nenhum me atraia, nenhum me causava aquele nervosismo e tremedeira que o Eduardo me causou quando nos encontramos, não sei se foi o impacto da pranchada que ele me deu na testa, mas aquele homem marcou muito, e nenhum outro me faria esquece-lo, tinha agora certeza disso. Fui andar um pouco pelo lugar, minhas amigas estavam "bem" acompanhadas por acaso, estava indo em direção do banheiro quando encontrei o Márcio, parecia meio bêbado, falava coisa com coisa, peguei e o levei para um lugar mais arejado, peguei uma água e dei para ele beber, um pouco de medicina veterinária me ajudou a perceber que aquele homem estava drogado, e não era pouco, o coração estava muito acelerado, sabia que a vida dele estava em minhas mãos naquele momento; sem pensar duas vezes, peguei o celular, chamei uma ambulância, liguei para as meninas, mas nada, elas não atendiam, acho que nem escutaram o celular tocando. Quando a ambulância chegou fui com Márcio para o hospital, fiquei com pena de deixar ele ir sozinho, e bem ou mal, ele tinha sido gente boa conosco na praia, aliás, mesmo que não tivesse sido, nunca deixaria uma pessoa passando mal sem ajuda-la. Já estava cedo do dia, tinha cochilado na cadeira do hospital, meu celular estava sem bateria, fui a um telefone público e liguei para Rebecca, nunca pensei que elas estariam tão preocupadas comigo e por incrível que pareça, elas estavam sóbrias, gritaram comigo, quase desliguei o telefone, mas entendi a preocupação, se estivesse no lugar delas teria feito o mesmo.


Márcio estava fora de perigo, ele foi salvo de uma overdose causada pelo uso excessivo de ecstase e álcool, quando as meninas chegaram contei com mais calma sobre o que tinham acontecido, como era de se esperar, a descepção com Márcio foi geral, um homem tão bonito, charmoso e simpático, era estranho pensar que isso poderia acontecer com alguém perto de mim, as vezes me sentia "a parte do mundo" em que vivia, era como se tudo fosse uma novela, onde tudo acontecia de forma imaginável e esperada, aquilo tinha quebrado um pedaço da minha muralha contra a realidade, pouco antes, tudo girava em torno do meu amor por um homem, minha viagem, minhas amigas e meu curso de veterinária; me sentia diferente, mais forte e decidida, não me senti "a tal" quando salvei um conhecido da morte, mas abriu as portas do mundo real para mim.


Quando chegamos ao hotel ainda estávamos meio chocadas com as últimas 12 horas, queria tomar um banho e esquecer o que tinha acontecido, foi isso que fiz, depois fui durmir. Ao acordar vi malas prontas num cantinho perto da parede, um exagero de malas, mas tudo estava embalado e empacotado, quando questionei Beatriz para saber o por que daquilo, fui pega de surpresa quando me disseram que queriam conhecer a minha praia, " rumo a Itacoatiara", disse rebecca. Dei um pulo e me joguei contra minhas amigas, gargalhavamos, meu coração pulava e batia forte, não estava tendo uma overdose, mas sim um ataque de felicidade por saber que a poucas horas veria meus amigos e meu amado de novo.



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